A Festa de Nossa Senhora do Rosário realizada pela Comunidade Quilombola dos Arturos foi encerrada na segunda-feira (15) à noite com o recolhimento dos mastros com as bandeiras que fazem reverência a santa. Ao som do batuque e entoando cantos do congado, vestidos a caráter de guardas do Congo, os Arturos caminharam da sua comunidade até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no bairro Alvorada, e também até a Casa de Cultura, para agradecerem e descerem as bandeiras simbolizando o fim das celebrações.
Na parte da manhã, foi celebrada uma missa na capela da Comunidade seguida de um almoço de confraternização para os participantes. Também foram coroados os novos reis e rainhas do congado para a festa do ano que vem.
Segundo o capitão da guarda de Moçambique e coordenador de eventos dos Arturos, Jorge Antônio dos Santos, neste ano participaram da festa 17 grupos de congado da Região Metropolitana e do interior do Estado, atraindo milhares de pessoas ao longo dos dias. “Neste ano a festa para a comunidade foi muito emocionante, pois nós perdemos o nosso capitão regente Antônio Maria da Silva há pouco tempo. Fizemos tudo em homenagem a ele, por tudo o que ele representa para a comunidade. Foi uma grande honra para todos nós”, disse.
A pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Elenice Castro, acompanhou todos os dias da Festa, pois seu objeto de pesquisa é o reinado de Nossa Senhora do Rosário. Ela veio de Salvador e foi muito bem recebida na comunidade. “É uma festa muito rica e muito bonita. Fiquei impressionada com o respeito mútuo entre os membros e principalmente com os mais velhos, com o valor dado aos ancestrais. Vai contribuir muito na nossa pesquisa sobre cultura e sociedade”, afirmou.
Cassia Aparecida da Luz, nasceu na comunidade quilombola, e participa da festa há 17 anos. “Tenho muito orgulho de fazer parte dos Arturos e assim fui criada para manter as nossas tradições e fortalecer a minha fé. Sempre me emociono muito nas nossas celebrações”, disse.
Comunidade dos Arturos
Em maio de 2014, a Festa de Nossa Senhora do Rosário da Comunidade dos Arturos foi declarada patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), no contexto do Registro da Comunidade dos Arturos. De acordo com o IEPHA, foi o primeiro registro de uma comunidade tradicional como patrimônio cultural.
A comunidade é caracterizada por manter viva a tradição ensinada pelo fundador Arthur Camilo Silvério. Eles mantêm diversos bens culturais, como saberes relacionados ao congado, ao batuque, à culinária, à construção de tambores, Folia de Reis, benzeção e ao cultivo e organização da vida comunitária.